terça-feira, 7 de maio de 2013

Tudo Por Uma Notícia T02C02


EXCLUSIVA

Os assassinos do policial fizeram bastante volta para tentar despistar Rubens de seu encalço. Atiraram algumas vezes, mas não conseguiram acertar o jornalista. Entretanto a sorte de Rubens acabou quando, ao virar uma rua, ficou de frente para a gangue dos bandidos que os esperava.
Ele derrapou com a moto e tentou dar a volta, mas uma arma surgiu diante dele e o fez parar. O rapaz não entendeu por que não levou uma rajada de tiros ali mesmo, mas decidiu ficar agradecido por isso. Ele foi levado para dentro de uma casa.
Acomodado num sofá, cercado de homens armados e loucos para matá-lo, Rubens tentava pensar em um modo de sair dali vivo, mas seus pensamentos foram interrompidos pela chegada do que parecia ser o chefe do bando.
― Você tem muita sorte de ainda estar vivo, sabia? – disse o homem que tinha sentado em uma cadeira na frente do jornalista com uma tigela com azeitonas.
― E por que ainda estou? – Rubens perguntou enquanto o homem cuspia um caroço e pegava outra azeitona.
― Porque o Carrasco, o chefe da gangue, não quer que a gente mate mais aqui na frente de casa. – o homem disse e cuspiu outro caroço.
― Se ele é o chefe, quem é você? – Rubens arriscou a pergunta.
― Sou Azeitona, o segundo no comando. – ele disse e pôs outra azeitona na boca. – Agora me diga, jornalista, o que você queria ao perseguir meus manos?
― Saber por que mataram um policial sem farda. – o jornalista decidiu não mentir.
― Entendo. Então, eu te digo o que faremos. – começou Azeitona. – Como temos que esperar o Carrasco chegar, eu te darei uma entrevista exclusiva, a última da sua vida. O que acha? – o bandido propôs e cuspiu outro caroço.


― Se vou fazer a minha última entrevista, então não se você não se importará se eu usar meu gravador, não é mesmo? – Rubens disse.
― Tudo bem, eu vou destruir depois mesmo. – Azeitona aceitou.
― Então, por que estão matando policiais sem farda e fora da hora de trabalhos deles? – o jornalista perguntou com o gravador estendido para o bandido.
― Direto, gosto disso. Para falar a verdade, esse foi o primeiro que nosso bando matou. – ele respondeu e pegou outra azeitona. – Houve uma grande reunião com os líderes das maiores gangues da cidade logo depois daquela operação em que a polícia matou um monte. – Azeitona disse e mastigou um pouco. – A partir de então, cada grupo ficou responsável por um bairro.
― Mas como vocês ficaram sabendo de onde e quando cada policial estaria em seus momentos de folga? – Rubens perguntou.
― Ah! Essa é a beleza dessa cidade, aliás desse país. – Azeitona disse e cuspiu o caroço. – Os próprios policiais delataram seus companheiros. É incrível o que o dinheiro e algumas promessas fazem com uma pessoa, não?
As palavras do bandido deixaram o jornalista sem ação por um momento e isso foi o suficiente para ele perder o resto da entrevista. Um homem cochichou algo no ouvido de Azeitona, que se levantou.
― Sinto dizer, mas nosso tempo se acabou. – o bandido disse. – Amarrem-no a uma cadeira e coloquem-no no quartinho. – ele ordenou para os companheiros.
Bem amarrado, em um quarto sem janela e sendo vigiado, Rubens, por mais que pensasse, não conseguia ver um jeito de sair dali vivo. Ele já havia passado por várias situações parecidas, mas sempre tinha um plano preparado antes. Não era o caso dessa vez. Ele estava sozinho. Concentrou-se para ouvir uma conversa que vinha do lado de fora do quarto.
― Ele está aí dentro? – perguntou uma voz desconhecida.
― Sim, Carrasco. – respondeu Azeitona.
― Então, vamos acabar logo com isso. – Carrasco disse e a porta se abriu. 

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