quinta-feira, 23 de maio de 2013

Caos Urbano T01C04


MÍDIA

― Em que pé estamos? – o delegado perguntou depois de ouvir o relato dos detetives.
― Apesar da explosão, os peritos estão procurando por alguma evidência que possa ser encontrada nos escombros da casa. – Raquel respondeu.
― E outra equipe está analisando o DVD que tiramos de lá. – Jorge complementou.
― A mídia está toda aí embaixo. – o delegado informou. – Com os acontecimentos de ontem, a cidade está em pânico. De algum modo, o fato da vítima não ter um dedo vazou e, com isso, não demorou muito para descobrirem sobre o Assassino Dedos dos Pés. – ele disse e olhou sério para os dois detetives. – Precisamos resolver isso logo. Jorge, você vai até a criminalística e acompanha o progresso dos peritos, apresse-os se preciso. Raquel, você volta ao asilo e converse novamente com o Copi.
― Com todo o respeito, delegado, acredito que o Detetive Copi já contribuiu com o que podia para a investigação. – a moça retrucou.
― Nunca subestime os mais velhos, criança. Ainda mais um velho detetive. Ele pode não ter tido essa explosão na época dele, mas ele já passou por muita coisa que em toda a sua vida, você não passará nem a metade, Raquel. Volte lá e converse com ele, vai ver que o velho Copi pode contribuir com muito mais. – disse o Delegado Rocha.
― Sim, senhor. – ela disse e saiu acompanhada pelo parceiro.
― E eu vou lidar com a mídia. – Rocha disse ao ficar sozinho.
O espaço da delegacia separado para a mídia estava lotado de repórteres esperando pelo pronunciamento do delegado. Quando ele chegou, todos levantaram e começaram a jogar perguntas. Rocha subiu no tablado e ficou de frente para todos. Pediu para todos sentarem e perguntarem um de cada de vez.
― A explosão e está ligada com o corpo achado no Parque Barigui? – perguntou o primeiro repórter.
― Nossos peritos estão analisando as evidências de ambos os locais, mas até o momento não há certeza de qualquer relação. – ele respondeu.
― Há algum suspeito de quem seja esse novo Assassino Dedos dos Pés? Um descendente ou um imitador? A cidade precisa se preocupar como nos anos 60? – emendou outro rapidamente.
― Ainda não há nenhum suspeito e também não temos nenhuma confirmação se é realmente um novo Dedos dos Pés, pode ser apenas uma coincidência. E, não, a cidade não precisa se preocupar. – Rocha respondeu calmamente. – Nossos investigadores estão trabalhando em resolver esse caso o mais rápido possível. – ele disse e, em pensamento, torceu para que seus detetives estivessem realmente avançando nas investigações.


Faltava pouco mais de uma hora para o almoço. Copi estava no jardim do Asilo Ipiranga, sentado em um dos bancos, jogando comida para os pombos que passavam. Em dado momento, ele levantou a cabeça e viu uma jovem e bela morena, de cabelos cacheados, vindo em sua direção.
― Bom dia, detetiv... digo, Copi. – ela cumprimentou.
― Bom dia, Raquel. – ele respondeu de volta. – Que bom que voltou, mas não imaginava que retornasse tão rápido. – ele comentou.
― Aconteceu uma coisa nova. Talvez, o senhor possa dizer algo que me ajude. – ela disse.
― Farei meu melhor. – ele garantiu.
Raquel contou sobre o vídeo e tudo o que lembrava que o assassino tinha falado e da explosão subsequente.
― Que perfil interessante e inteligente você tem para enfrentar. – o velho disse.
― Como é? – a detetive perguntou confusa.
― Embora não seja tão difícil de vencê-lo. – ele continuou como se ela não o tivesse interrompido. – Pelo que me disse, ele confessou tudo no vídeo, o que significa que ele quer que saibam quem é. A revelação do local é incomum, mas talvez seja um tipo de tática. – Copi analisou. – Ao fazer isso, ele praticamente pede para que o prendam, o que não faz sentido. Foram mandados policiais vasculhar a Ópera de Arame?
― Sim. Estão lá nesse exato momento. – Raquel respondeu.
― Muitos?
― O suficiente para cobrir a área toda.
― Se eu quisesse fazer algo em um lugar e não quisesse que a polícia estivesse por lá, qual seria a melhor maneira de despistá-la? – ele indagou.
― Fazendo-a ir para outro lugar. – ela adivinhou.
― Exatamente. – o velho assentiu. – Às vezes, a resposta está bem na nossa frente e não a vemos, e às vezes, tudo o que temos de fazer é olhar além do óbvio. – ele filosofou.
― Muito obrigado, Copi, o senhor ajudou muito. – ela agradeceu e se levantou. – Tenho de ir agora, até amanhã. – Raquel saiu e pegou o celular para ligar para seu parceiro, mas este ligou antes. – Ia te ligar agora, mande os policiais saírem da Ópera, o assassino estava só nos enrolando.
― Pena não termos percebido antes. – Jorge disse e fez uma pausa. – Nós temos um novo corpo, Raquel.

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