quinta-feira, 9 de maio de 2013

Caos Urbano T01C02


ENCONTRO DE GERAÇÕES

Era hora do almoço no Asilo Ipiranga. Todos os moradores estavam na mesa esperando pelas cuidadoras que trariam seus pratos. O ex-detetive Copi não estava tão ansioso quanto seus colegas. Ele estava mais interessado na matéria que estava passando no jornal da TV ligada no aposento.
“― Foi encontrado no Parque Barigui, hoje pela manhã, um corpo ainda não identificado...” – a repórter disse, no momento em que a cuidadora colocava o prato à frente do idoso.
― Aqui está sua comida, seu Copi. Coma tudo, hein! – ela disse.
“― ...além de vários cortes e hematomas, o que chamou a atenção da polícia foi a ausência de um dedo do pé da vítima...” – a repórter continuou.
― Oh, não! – ele murmurou com expressão de surpresa.
À tarde, o velho ex-oficial sentou-se em uma poltrona, em uma das salas de estar do asilo, próximo a uma janela e começou a ler um livro. Não passou muito tempo até que sua cuidadora chegasse com uma pessoa que ele nunca havia visto. Uma bela mulher negra, com cabelos encaracolados.
― Seu Copi, o senhor tem uma visita. – disse a cuidadora e o idoso olhou para a recém-chegada.
― Detetive Copi, eu sou a Detetive Raquel Marins, estou investigando o caso do corpo que foi encontrado hoje cedo no Barigui. – a jovem oficial se apresentou, aproximando-se do homem.
― Sente-se, detetive. Temos muito que conversar. – ele pediu e apontou o sofá ao lado esquerdo dela. – Sheila, poderia nos trazer um pouco de chá? – ele pediu para a cuidadora.
― Sim, seu Copi. – ele disse e se retirou.
― Eu sei por que está aqui, detetive. Mas antes que você fale, eu gostaria de contar uma história. – o ex-oficial disse.
― Tudo bem. – a morena assentiu.


― Tudo começou em 1962. – ele iniciou a narrativa. – Eu encontrei um corpo nas mesmas condições do que o encontrado por você hoje. A única diferença era o dedo do pé. O primeiro foi o dedão do pé direito. Durante minha investigação, descobri um padrão na escolha das vítimas. Eram todas do sexo masculino e pertencentes a um clube de futebol. – ele fez uma pausa para pegar o chá que havia chegado. – Depois de quatro assassinatos, fui capaz de prever onde e quando aconteceria o próximo, mas nada ocorreu e o caso foi encerrado. Até hoje. – ele finalizou e bebeu um gole de chá.
― Espera, o senhor está dizendo que o próximo assassinato da sua lista era...
― O que ocorreu hoje no Parque Barigui. – ele completou. – Mas deveria ter sido há 50 anos.
― O que houve? – ela quis saber.
― Após o encerramento do caso, o qual eu fui muito contrário, decidi descobrir as coisas por mim mesmo. – Copi disse e bebeu outro gole de chá. – O assassino se chamava Luiz Valdetaro e morreu de câncer antes de conseguir cometer o quinto assassinato.
― O senhor sabe o que o motivou? – a detetive perguntou.
― Vingança. Ele fazia parte do clube de futebol que mencionei. Pinhão Futebol Clube. Do nada, onze amigos criaram e fizeram o time crescer. Até chegou à primeira divisão do Paranaense. Com os rendimentos dos seus jogos, eles puderam contratar novos e melhores jogadores, que inicialmente ficaram no banco, mas logo foram substituindo aqueles que não mantiveram o ritmo inicial. – o ex-detetive contou.
― Deixa eu adivinhar, Valdetaro foi o primeiro a ser tirado do time titular. – Raquel supôs. – E então decidiu matar todos os seus companheiros e tirar um dedo do pé como prêmio.
― Exatamente. – Copi confirmou.
― Muito obrigado pelas informações, detetive. O senhor me ajudou muito. – ela agradeceu e se levantou.
― Detetive, se não for pedir muito, mesmo que não precise mais de mim, poderia me atualizar sobre o avanço do caso? – o velho pediu. – Ah, e por favor, não precisa me chamar de detetive, apenas Copi está bom.
― Tudo bem, para as duas coisas. E isso vale para o senhor também. Pode me chamar apenas de Raquel. – ela disse e saiu.
No saguão de entrada, o Detetive Perez aguardava sua parceira e, quando a viu, se levantou para recebê-la.
― Como foi? – ele perguntou.
― Muito bem. Obrigada, Jorge. – ela disse.
― Ótimo. Agora vamos indo. Os peritos têm novidades. – ele avisou e os dois seguiram para o carro.

Um comentário :

  1. Adoro essas histórias que aguçam a curiosidade por não sabermos o fim..rsrsrs. Será que o assassino é o retorno do cabra que teria sido enterrado morto por câncer?

    Beijos.

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