terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Motoqueiro Das Trevas T01C12


JUSTIÇA

O Honda Civic em que o Deputado Castor estava fugindo mantinha uma distância segura da Harley Davidson do Motoqueiro das Trevas, devido a alta velocidade. O trânsito da cidade começava a ficar caótico. Ambos os veículos ultrapassaram o sinal vermelho e provocaram buzinas.
— Segue para a BR. – Castor disse ao seu motorista.
— Mas, senhor, o Motoqueiro não terá mais vantagem lá?
— Recentemente, tem tido muita movimentação de caminhão por lá. Só precisamos entrar no meio deles e logo, o Motoqueiro nos perderá de vista.
— Grande ideia, deputado. – elogiou o motorista.
Quando viu o caminho que estava sendo tomado, Ian sorriu sob o capacete, pois pensou na vantagem de espaço que teria na BR. Depois de passar por vários quilômetros da rodovia, Castor viu seu plano ir por água abaixo, devido a ausência de caminhões. Cansado de ser perseguido por Ian, ele pegou sua arma, abriu a janela e tentou acertá-lo. Depois de seis tiros sem êxito, ele começou a se desesperar.
— Acelera o máximo possível! – o político mandou.
Ian notou o desespero de seu alvo e decidiu agir. Acelerou até ficar a certa distância do carro e atingiu o pneu traseiro esquerdo. O veículo, patinou, rodou e capotou duas vezes, parando com as rodas para baixo. O motorista bateu a cabeça e desmaiou. Castor também teve a cabeça atingida, mas logo acordou e viu quando o Motoqueiro parou e desceu da moto.
Com a arma em punho, o político saiu do carro e, com sangue escorrendo da cabeça, cambaleou alguns passos.
— Parado aí mesmo, senão eu atiro. – ele disse e apontou a arma para seu algoz.
— Você já estaria morto se assim eu quisesse. – Ian devolveu.
— Devo me sentir honrado por sua misericórdia? – Castor ironizou.
— Sim, deve. – o Motoqueiro disse e deu um passo.
— Eu avisei! – o deputado disse e atirou três vezes no peito de Ian. – Morra! – ele gritou.
O ex-advogado recuou devido ao impacto dos projéteis, mas logo voltou a avançar.
— Segundo minhas contas, você só tem mais seis tiros. É uma .45 com um pente de 15, não é? – ele disse enquanto dava mais dois passos.
— Pare de se aproximar! – Castor gritou e acertou dois tiros no visor do capacete de Ian, mas sem obter resultado. Atirou, então, em seus braços e pernas até sua munição acabar.


— Pelo visto, eu estava certo. Acabou, não é? – Ian disse erguendo o visor atingido. – Como pode ver, eu vim preparado. Vidro à prova de bala no capacete, proteção nos membros e, como sua munição acabou você não pôde testar, proteção gonadal. – o Motoqueiro explicou.
— O que você quer? – o político gritou desesperado largando a arma no chão.
— Justiça. – Ian respondeu sério.
— E o que eu tenho a ver com isso?
— Você mandou matar meu irmão que tinha acabado de começar no novo emprego dele, na prefeitura. Tudo porque ele ouviu sobre suas sujeiras. – Ian começou. – Meu irmão, coitado, não diria nada a ninguém. Mas você não podia correr o risco, não é? Teve de mandar matá-lo. – o Motoqueiro falava com raiva.
— Espera, tenho certeza de que podemos chegar a um acordo. Como posso recompensá-lo? Dinheiro? Você deve estar precisando, agora que não trabalha mais como advogado. – Ian fechou a cara. – Já sei, que tal trabalhar para mim? Será meu guarda-costas... Não, não, melhor ainda, eu te patrocino! Posso conseguir todo tipo de arma e acessório que precisar, e não se preocupe mais com a polícia. É claro que eu te indicarei alguns alvos, mas de resto, você poderá agir livremente, o que acha? – Castor sugeriu cinicamente com um sorriso.
Não conseguindo aguentar mais, o ex-advogado avançou e acertou o deputado com um soco de direita que o fez cambalear para trás. Antes que o golpeado caísse, Ian o segurou e o puxou pela gravata e lhe deu um forte soco na barriga. O político arqueou e teve sua cabeça segurada pelas duas mãos de Ian que a levaram direto para uma forte joelhada, e teve seu nariz quebrado.
— A minha morte não vai resolver nada, sabia? – Castor disse assim que parou de apanhar e foi deixado no chão. – Eu sou apenas uma das milhares cobras peçonhentas que existem na política desse país. O que eu faço não é nada perto do que os outros fazem.
— Pelo menos você não irá fazer mais. – Ian disse e atirou na cabeça do político, que caiu de vez no chão. – A justiça foi feita, meu irmão. – ele disse para si mesmo. – Agora, podemos ficar em paz.
As sirenes se fizeram ouvir e o Motoqueiro estava pronto para se entregar quando se lembrou das últimas palavras de Castor.
— Não, não é hoje que o Motoqueiro das Trevas vai ser preso. – ele disse. – Ainda há muito trabalho a ser feito.
Dito isso, baixou seu visor trincado, subiu em sua moto e, em poucos segundo, sumiu do campo de visão da polícia que chegava ao local do crime.

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